Antes de falar do programa, gostaria de esclarecer uma coisa importante. A Liberdade de expressão! Segundo o dicionário Wikipédia, trata-se do “direito de manifestar livremente opiniões, idéias pensamentos. É um conceito basilar nas democracias modernas nas quais a censura não tem respaldo moral”. Se conversar com qualquer produtor do conhecido Reality Show Big Brother Brasil ou mesmo o seu apresentador Pedro Bial, ouvirá suas defesas ou frases de apoio ao programa minimizando o assunto como: “Briga-se, fala-se palavrão, mas no final todo mundo se diverte muito. É a comédia de uma vida nada privada." Se o programa fosse proibido em horário nobre ou mesmo da TV seus idealizadores utilizariam todos os recursos para mantê-lo no ar, numa luta árdua em favor da democracia e contra a censura. Mas o que a censura tem com o nível baixo de um programa que agride e insulta nossa inteligência? É uma agressão à cultura, valores e princípios, da moral, da ética e da dignidade. Impedi-lo não seria censura alguma, seria uma forma de exigir o respeito e as obrigações que emissoras de TV devem atender.

Em 1988, a Constituição determinou que não haveria censura no Brasil. A luta por esta liberdade fazia sentido quando tinha o que expressar, e por anos sob uma tortura psicológica, o Brasil viu então sua democracia valer. Mas hoje em dia infelizmente, diretores de TV confundem esta liberdade e levam para dentro de nossos lares as mais vulgares e apelativas programações em horário nobre. Apesar de sermos livres para expressar em um país sem censura, isso não significa que podem expor o que pensam em qualquer horário. O artigo 221 define sabiamente as condições do uso de veículos de comunicação social. Segundo o artigo, programação das emissoras de rádio e televisão atenderão “finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas; regionalização da produção cultural, artística e jornalística, conforme percentuais estabelecidos em lei; respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família”.

Pois bem, hoje inicia a 11ª edição do Big Brother Brasil recheado com a mais diversas formas de desrespeitos ao cidadão afim de atrair um publico sedento de baixarias, erotismo e tudo que o programa tem que o torna líder em baixaria na TV. E essa nova edição promete ser a pior de todas as edições. Segundo o próprio Boninho, haverá “pancadaria e muita bebida”. O diretor escreveu no Twitter que a partir desta edição, a agressão física não será mais proibida. “nada é proibido no BBB, pode fazer o que quiser” escreveu boninho no microblog. Ele ainda completou que: “esse ano... liberado! Vai valer tudo, até porrada”. Ele também declarou que esse ano não servirá aos participantes apenas bebidas “ice”. “Vai ser Power... chega de bebida de criança”, decretou. Além de mais livres, os participantes do Big Brother Brasil 11 estarão mais bêbados. A bebida alcoólica do BBB 11 será mais forte. E o resultado dessa confusão toda já podemos prever sem esforço algum.

BBB 10 é líder em baixaria, segundo a Comissão de Direitos Humanos

Fonte: Uol maio 2010

“Big Brother Brasil 10" foi o programa que mais recebeu denúncias de desrespeito aos direitos humanos. Das 391 denúncias enviadas pelos espectadores entre agosto de 2009 e abril de 2010, 227 referem-se ao BBB 10. As reclamações foram classificadas como desrespeito à dignidade da pessoa humana, apelo sexual, exposição de pessoas ao ridículo e nudez. As reclamações são feitas no site (http://www.eticanatv.org.br).

Mesmo com toda essa violência de imagem e som, o programa não perde sua audiência. Na edição nº 8, por exemplo, a final contou com 76 milhões de votantes. É espantoso e impressionante como as pessoas são levadas a consumir e sustentar um dos programas mais rentáveis da Globo, quer seja como telespectador ou como pagante das imagens exibidas 24 horas. Os consumidores em potenciais do BBB apresentam inúmeros sintomas que os afetam psicologicamente, socialmente e fisicamente. Mas todos são encobertos pelo manto da “normalidade”. A ideologia da normalidade nos aponta que quem assiste BBB é: “um sujeito “descolado” que aprende a conviver com os outros na medida em que visualiza as vivências daqueles participantes.”

Sujeito descolado que aprende a competir? A trapacear? A naturalizar as diferenças sociais? A inventar causas e efeitos para comportamentos e sair psicologizando bobagens? A reduzir a vida apenas à competição desenfreada por status e dinheiro? A distorcer a própria imagem corporal em detrimento da imagem do outro apresentada na tv?

Nesse jogo de compra e venda, onde 14 seres humanos são os objetos expostos em uma vitrine que oferece desde bens materiais a padrões subjetivos, espera-se que homens e mulheres ajustem suas condutas às representadas pelos objetos humanos ou “quase humanos”. É impossível ver este programa ao lado dos filhos (me refiro aos pais que se preocupam com suas crianças). Expor as imagens dos “heróis” como são chamados por Pedro Bial é apagar cedo da imaginação da criança, a bela imagem que os mesmos tem dos verdadeiros heróis.

Finalizo minha postagem expressando minha tristeza por mais uma vez iniciarmos o ano com tamanha violência na TV em busca de ibope. Perdi totalmente meu respeito e admiração pelo Sr. Pedro Bial, apresentador do programa. Não há nada de valor, não acrescenta nenhuma informação, agride nossa sociedade e encobre os verdadeiros conceitos da ética, moral. E no final desta arena humana, o vencedor ou aquele resistiu, leva o prêmio e você telespectador leva o que? O ex BBB então, campeão do reality vira estrela e por um curto período de tempo ganha fama. A mídia suga tudo que ele tem ou o que não tem até cansar de sua rápida imagem. Ex bbbs são pessoas anônimas e são raras as que conseguem se manter as vistas da mídia. Quando você ler algo relacionado, sempre inicia com “ex-bbb” fez isso ou “ex-bbb” falou isso. Será sempre um anônimo que não se da conta que sua imagem de estrela cansa. Quando não consegue uma oportunidade na grade máxima da globo, é exposto nos menos importantes quadros afim de dar uma forcinha ao “ex-bbb” como Zorra Total. E sem falar que a mulherada não perde tempo em tirar a roupa e esbanjar o único talento que tem de ficar nua em capas de revista, e há quem apela para mais de uma edição. Sinceramente eu tenho pena dessas pessoas. Estas que se prestam em fazer parte desse jogo, tornando-se objeto exposto aos olhares de milhões.

Aos que participam e que assistem, sinceramente: lamento muito...

E isso!