Greve dos bancos: Reivindicações ou Regalias?

Fui ao banco hoje, sim hoje 04 de outubro de 2010 e para minha não surpresa, vi filas, pessoas do banco, ao menos duas delas, apenas ali com crachás vendo toda a movimentação sem nada a fazer. Vi também pessoas insatisfeitas, vi outras com olhares irônicos quando chegava mais pessoas para entrar no banco. Ao perceber que a fila crescia, fui em outra agência com a esperança de encontrar uma “fila menor” e/ou em funcionamento, afinal de contas eu creio em milagres. Enquanto me dirigia a uma outra agência, vi um cidadão com uns adesivos, caminhando bem relaxado, fumando, subindo a rampa do banco do Bradesco e colando o seguinte adesivo: “GREVE”. Ele não tinha jeito de quem trabalharia em banco, então perguntei quanto ele estava recebendo para colar tais adesivos. Não obtive respostas.

Vamos tentar compreender essa greve

"Os bancários reivindicam um tímido reajuste salarial de 11%, abertura de concurso público para os bancos públicos, mais contratações para agências privadas, participação nos Lucros e Resultados (PRL), vale-alimentação, auxílio-creche, pisos maiores, auxílio-educação para todos, segurança contra assaltos e seqüestros e melhores condições de trabalho."

Motivos porque eu não entendo a greve dos bancos

Os bancários recebem aumento real, acima da inflação, desde 2004, e contam com a melhor convenção coletiva de trabalho do país, a única de âmbito nacional e garantia de Participação nos Lucros e Resultados. Têm a maior lista de benefícios, incluindo a menor jornada de trabalho do país, de seis horas e cinco dias por semana (30 horas semanais, enquanto a jornada legal para outras categorias é de 44 horas semanais). Segundo fontes da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban). Nota: Foram oferecidos 4,29% de reajuste, mas, os grevistas abandonaram a mesa de negociações, apesar da garantia de reposição da inflação a fim de negociar aumento real.

Se alguém aqui no blog comentar: “vai você trabalhar no banco para ver como é a jornada de trabalho”, Opa, vou sim. Abre uma vaga que eu vou na hora. Peço demissão da atual empresa e vou correndo caso o ônibus (pois eu pego ônibus, não vou de carro para o trabalho) atrase.

Eu não consigo entender, por mais que eu tente, a greve dos bancos. Ironia ou não, enquanto estava em uma das agências, no outro lado da avenida algumas pessoas "trabalhavam" na limpeza das ruas. Pessoas com uma jornada de trabalho superior a dos bancários e com um salário vergonhosamente inferior. Estas pessoas estavam limpando as ruas da sujeira eleitoral. Enquanto bancários vão para o trabalho de carro e iniciam suas jornadas às 10 da manha de segunda a sexta, O TRABALHADOR brasileiro tem que estar cedo, mas bem cedo no banco a espera dos tão sofridos bancários. O TRABALHADOR brasileiro que inicia sua jornada de trabalho as 04 da manha, pega condução, metrô, e vai para o serviço tendo que chegar às 07 horas e ainda consegue deixar o filho na escola e o mantém vivo com um salário absurdamente baixo. Sem falar que agem como guerreiros trabalhando dia a dia, no sol e chuva, e quando fica doente, tem que provar mediante atestado, caso contrário perde o dia. Enquanto muitos trabalham em salas com condicionadores de ar, com notebooks, com salários “ridículos” de acima de 2.500,00, outros trabalham como cães às vezes em condições precárias, sem ao menos um dos benefícios que são reivindicados pelos bancários. 

Eles esquecem que os bancos estão no topo dos órgãos de defesa do consumidor. Correntistas insatisfeitos diante dos abusos dos juros, tem que engolir essas regalias reivindicadas por eles, pois é isso que eu considero, REGALIAS. Juros abusivos, demora no atendimento, encargos financeiros, vendas casadas (obriga o cliente a fazer um seguro de vida quando este cliente faz um empréstimo). Enfim, eu volto a repetir que não entendo e nem quero entender os motivos dessa greve. 

É isso...

Erivanio Aguiar

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