O caso da menina Isabela

Finalmente termina o julgamento do ano e um dos mais esperados da historia deste país. A menina Isabela morta em 2008 teve seu caso por encerrado com a condenação dos seus assassinos sendo 31 anos para o pai, Alexandre Nardoni e 26 anos para Ana Carolina Jatoba. O crime causou muita revolta e mexeu com a nação brasileira de forma que pais e mães sentiram-se também parte desta trama. A menina Isabela havia sido adotada pelo Brasil e tendo o acompanhamento histórico de todos desde o inicio até o final do julgamento.

Como ser humano me senti triste e claro, coloquei-me no lugar da principal vítima de toda este drama: A mãe da pequenina Isabela. Ao analisar minuciosamente cada noticia relacionada ao caso, seja por emissora, revista ou estampadas em jornais de grande circulação, eu me entristecia, não pelo fato da crueldade cometida contra a menina, mas na forma da veiculação do caso, pois o objetivo não era apenas informar, mas outro capaz de fazer veículos de informações brigarem a todo custo: Ibope.

No dia 22 de março o caso voltou, mas agora para o então esperado julgamento do pai e madrasta. Voltou de forma cansativa, exagerada e sensacionalista. Antes mesmo de começarem as audiências, podíamos ver repórteres fazendo reportagens de como iria ficar a rua onde está situado o Fórum de Santana, na zona norte de São Paulo. Devo considerar que a impressa fazia sua parte. Informar a população quanto ao andamento do processo tem sua importância, mas os exageros tornavam a notícia cansativa. Em busca de audiência, qualquer assunto relacionado ao caso tornava-se em matéria com horas de duração em programas de TV. A única novidade deste caso foi a condenação do casal, pois o que se noticiava era sempre as mesmas informações que sabíamos desde em que a menina havia sido morta. Um fator que me deixava irritado, era o uso da mãe Ana Carolina de Oliveira nas inúmeras entrevistas que esta concedia. Esta mulher foi a principal vitima não somente do casal, mas de toda essa corrida das emissoras em busca de alguma informação. Alguém pode acompanhar esta mulher no cemitério no momento do enterro? Quem viu aquela cena comprovou que o profissional perdeu lugar ao “canibalismo” profissional, todos querendo imagens, sem se importar com a dor que aquela mulher sentia. Mas quem liga não é verdade? Mas o cúmulo ainda estaria por vir. O túmulo onde a menina Isabella está sepultada, no cemitério Parque dos Pinheiros virou ponto de romaria. O lugar é visitado por pagadores de promessas e pessoas em excursão. E não vou me espantar se algum dia o lugar receber velas em agradecimentos por graças alcançadas.

Quando o caso completou um ano, todas as atenções voltaram-se para o caso, e mais uma vez entrevistas, debates que em nada acrescentavam tomavam conta das tardes em programas sem conteúdo. Nessa ultima semana, durante o julgamento, podia-se ver nitidamente a influência em que o caso provocou nas pessoas em frente ao fórum, todas com cartazes, faixas, exigindo justiça. Por alguns instantes me parecia uma torcida organizada e sem exageros, pois em meio à tudo isso surgem os vilões e mocinhos. De um lado o promotor do caso o Sr. Francisco Cembranelli considerado a principal peça da acusação e do outro, o vilão, o Sr. Roberto Podval advogado dos réus. Era engraçado, enquanto o Cembranelli entrava no fórum, os aplausos e elogios eram constantes, diferente do Sr. Podval, que além de insultos, vaias, foi agredido na entrada do fórum. Tornou-se um duelo. No vídeo aqui postado, podemos ver claramente a intenção da mídia que era modificar a noticia afim de manter por alguns instantes o caso no ringue, ops, no ar:




Sensacionalismos a parte, o fato é que o Brasil então ver a justiça agindo com todo rigor, sob penas justas aos responsáveis do ato cruel à pequenina. Mas este não foi primeiro e infelizmente não será o último caso de violência cruel, covarde que seremos testemunhas. Pena que muitos ainda tenham pagar com a vida entrar nas estatísticas como casos não solucionados. Quem não lembra do caso da Daniela Perez assassinada em 1993 com 18 golpes de tesoura em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro?. O crime foi cometido por Guilherme de Pádua, e a mulher dele, Paula Thomaz, Em 1997 Guilherme foi condenado a 19 anos de prisão e sua mulher a 18 anos e seis meses. No entanto, em outubro de 1999, Guilherme foi solto por ter cumprido 1/3 da pena e ter apresentado bom comportamento.

Outro que ainda causa furor é o Sr. Pimenta Neves que assassinou covardemente a jornalista Sandra Florentino Gomide, de 33 anos, em 20 de agosto de 2000 em Ibiúna, interior de São Paulo, com um tiro nas costas e outro na cabeça. Apesar de confessar o crime até hoje, Pimenta Neves ainda está solto.

Sem querer listar aqui uma serie de crimes brutais que chocaram o país, fica apenas minha observação quanto a tudo que aconteceu em relação caso Isabela. Este crime teve seu desfecho com a justiça feita e merecida aos responsáveis. Agora é deixar que a vida continue, pois somente uma pessoa sentirá o peso de toda esta tragédia, pois independente de condenação a vida seguira sem o brilho da pequena estrelinha que foi apagada cedo demais.

É isso.

Um comentário

Anônimo disse...

"debates que em nada acrescentavam tomavam conta das tardes em programas sem conteúdo"

Boa Sr. Erivanio, apesar de me atingir diretamente, gostei do seu ponto de vista.