“Um” dia internacional das mulheres

Bem que poderíamos comemorar junto com elas não somente um dia, mas uma vida inteira, com muito amor, dedicação, carinhos em homenagem a estas guerreiras em forma de mulher, tão merecedoras de reconhecimento por lutarem por dignidade e uma sociedade mais justa e igualitária. Ao olhar para o passado não consigo imaginar a vida em que estas eram submetidas. Um sistema desumano, espancamentos e ameaças em sua maioria sexuais. Estas eram as mulheres do Século XVIII.

No Dia 8 de março de 1857, operárias de uma fábrica de tecidos, situada na cidade norte americana de Nova Iorque, fizeram uma grande greve reivindicando melhores condições de trabalho, equiparação de salários com os homens e tratamento digno dentro do ambiente de trabalho.

A polícia reprimiu violentamente a manifestação fazendo com que as operárias refugiassem-se dentro da fábrica, que foi incendiada. 129 tecelãs morreram carbonizadas, num ato totalmente desumano.

Em 1910 durante uma conferência na Dinamarca, ficou decidido que 8 de março passaria ser o Dia Internacional da Mulher porém a data foi adotada pelas Nações Unidas, em 1975, para lembrar tanto as conquistas sociais, políticas e económicas das mulheres como as discriminações e as violências a que muitas mulheres ainda estão sujeitas em todo o mundo.

O que comemorar?

Pena que um dia que mereça um pouco mais de respeito em memória as protagonistas daquele terrivel massacre, a tenha sido utilizada para fins comerciais, assim como as maioria das datas comemorativas. Apneas um dia dedicado às mulheres e apenas movimentar o comércio muda o perfil da data e desonra a memória de mulheres que lutaram por direitos iguais em  toda sua história. Faze-lo deste dia um motivo de presentea-la é uma forma de dizer que os demais serão sem importância.

No Brasil, a cada 15 segundos uma mulher é espancada. Sendo assim são quase 5 mil mulheres todos os dias inclusive o dia 08 de março. Mulheres vítimas de abuso físico são, em longo prazo, mais propensas a problemas de saúde e ao suicídio. Uma em cada seis pessoas do sexo feminino sofre violência no mundo. No Brasil, a proporção foi de uma em cada três entre as mulheres ouvidas na pesquisa. A agressão ocorre tanto nas relações interpessoais quanto nas práticas institucionais, independente de raça, classe social, grau de instrução e idade. As formas são as mais diversas, porém, a dor maior muitas vezes não está na violência física, e sim nas verbais e morais, que causam marcas profundas. Humilhações, torturas e abandonos são considerados pequenos ‘assassinatos diários’, difíceis de superar, fazendo com que as mulheres percam a referência de cidadania.

Diante disso me pergunto se mulher merece presentes ou respeito. As estatísticas não param por aí e mostram que, apesar de todos os avanços femininos na luta por seus direitos, ainda estamos longe do fim do patriarcalismo. Não quero aqui ser radical dizer que seria uma data vergonhasa, mas na minha opinião a mulher é tao igual ao homem que é triste imaginar que ainda hajam diferenças. Senhoras e senhores o que vamos comemora então?

São destinados aos homens os melhores cargos e salários. A evidência disso é o fato de que 5,5% dos homens ocupados chegaram a um cargo de direção, e apenas 3,9% das mulheres. O Prêmio Anual Executivo de Valor, que elege os melhores profissionais em 20 setores da economia através da escolha  feita por um júri composto por um grupo de empresas do mercado de "headhunting" nacional e internacional, nenhuma mulher foi premiada, certamente não por discriminação do júri, mas porque elas são escassas no mercado de executivos. 

A última pesquisa do IBGE mostra o rosto das diferenças por gênero.

Para cada R$ 100 de salário de um homem de baixa renda, uma mulher vai receber R$ 76.

Para cada R$ 100 recebidos pelo funcionário do sexo masculino, uma mulher receberá R$ 66,10.

Neste país de imensa pobreza, considera-se o topo da carreira uma renda mensal de R$ 3.730 para os homens e de R$ 2.466,50 para as mulheres. 

Na pesquisa por faixa de escolaridade as mulheres com até quatro anos de estudo recebem 80,6% do salário dos homens com a mesma escolarização. Com 12 anos ou mais de estudo as mulheres recebem apenas 61,6% do que os homens. As mulheres têm mais tempo de estudo: elas estudam, em média, 8,6 anos, quando a média nacional entre a população ocupada é de 7,6 anos.

Os Estados da Região Sul estão na lista daqueles com maior número de mulheres em cargos de direção. Essa proporção cai assustadoramente conforme se avança pelos Estados mais pobres da Federação onde as mulheres recebem menos em relação aos homens: na média, 59,4% do salário masculino. 

Dados sobre a ocupação das mulheres com nível superior:

Os homens com estudo universitário se distribuem de forma equilibrada pelos setores da economia. As mulheres se concentram nas áreas de educação, saúde e serviços sociais.

Segundo o IBGE, grande parte da responsabilidade pelas diferenças de rendimento entre homens e mulheres se reproduz no mercado de trabalho onde as divisões dos papéis ainda desempenhados pela mulher dentro da família, cabem a mãe os cuidados com filhos, idosos e doentes.

Pesquisa revela que as mulheres inseridas no mercado de trabalho dedicam 22,1 horas por semana às tarefas da casa, enquanto os homens gastam apenas 9,9 horas com essas atividades. A dupla jornada ainda é a realidade da mulher brasileira, mesmo com a melhora de escolaridade e maior inserção no mercado.

Jornada da mulher trabalhadora
Fonte: (Unicef) (OGL-26).

Durante a semana, a jornada diária da mulher é de 502 minutos, 5% maior que a do homem (480 minutos);

No fim de semana, a jornada diária da mulher é de 326, 62% maior que a carga masculina (201 minutos).

Diante disso, eu ainda desejo, em qualquer dia do ano, um belíssimo dia dedicado as mulheres. Que possamos reconhecer seu real valor a cada instante e que não seja meramente um dia para bajular com presentes que nada expressam o verdadeiro sentimento. 


É isso!
Erivanio Aguiar

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